quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Raspas e restos não me interessam

Ausência

Sobre tempo
Sobre espaço
Eu alguém sobre 

Ausência

Sobra tempo
Sobra espaço
Eu também sobro

Ausência

Sóbrio tempo
Sóbrio espaço
Eu porém sombrio

Repleto de tanta ausência, transbordo.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Versinhos da boca pra fora

Minha boca soube de nós 
e mandou dizer que quer te encontrar.
Apesar de toda distância

ela se diz louca pra te tocar.
A língua permaneceu quieta até certo instante, 
pra no fim dizer
Que inveja cada cigarro ou qualquer outra coisa 

que invada você.

domingo, 18 de janeiro de 2015

Parafraseando Renato Russo, que parafraseou Camões, que parafraseou a Bíblia, que parafraseou o Amor.

Eu que mal falava a língua dos homens, 
conheci a língua dos anjos. 
Agora sei que sem amor eu nada sou, 
eu nada fui, 
eu nada serei.

Nesse mesmo amor que me fez vivo,
descobri a morte.
Essa morte que quase não é percebida,
mas quem sente,
sabe da intensidade de sua presença.

Escolhi a algema que aparentava mais beleza,
pra me algemar e jogar fora a chave.
Por mais que eu quisesse, 
não seria fácil reencontrar.
Nessa prisão, 
os presos estão em celas por própria opção. 

Tarde demais para medicar as queimaduras.
Tarde demais para tratar as feridas.
Tarde demais para dizer que nem sempre é feliz.
Tarde demais para dizer que dói.
Doeria muito mais, 
se não fosse por amor.

Quem nos vê de fora, 
vê em partes.
Só nós nos vemos face a face.

Eu que mal falava a língua dos homens,
conheci a língua dos anjos.
Agora sei que sem amor eu nada sou,
eu nada fui,
eu nada serei.




quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Agridoce

Eu ainda não sei que gosto tem o amor.
Se quiser muito saber, eu arrisco dizer que é agridoce.
Você vai me entender quando experimentar.
Só não me venha com rótulos.
Estes eu deixo apenas para as latas de azeitona, que aliás, não consigo gostar.
Se precisar eu até como, mas aquele caroço, é desnecessário, não acha?
Me desculpe, mas do que eu falava mesmo?
Ah claro, o amor. Amor, amor.
Olha, você não se importaria se eu fosse logo ali comer?
Esse papo todo me abriu o apetite!

sábado, 4 de outubro de 2014

O último a entrar, tranque a porta

O céu ensaiava uma chuva quando você chegou, já eu, ensaiava um choro. Vesti aquela capa de pessoa forte que você tanto conhece, respirei e disse que estava tudo certo. Fracassei. Não consegui esconder de você o medo. ''Medo de quê? De viver?'' Foi o que você perguntou, assumindo o posto de pessoa forte, que só por alguns segundos eu consegui manter. Me lembrou que a vida tem dessas coisas, desses medos. Assim na terra, como no céu, percebi que havia uma ligação entre nós nunca antes vivida com outro alguém. Procurei então palavras para definir o que se passava ali. Joguei algumas, você outras, e por fim chegamos ao acordo de que a melhor de todas era insanidade. Agora sim. Em sã idade, plena forma física e talvez mental, o tal segundo sol que Cássia Eller tanta falava na letra da música apareceu para iluminar os meus dias. A trilha sonora da minha vida começou a se parecer com a de uma comédia romântica, apesar de combinarmos mais com aquele amor esquisito, de inocência erótica e sem pé, digno de um filme francês. Aliás, talvez a gente faça um filme. Um não, vários. Recorde de bilheteria. Elogiados por críticos cinematográficos de todo o mundo. Piegas que sou, precisava dizer que eu amo quando você me chama de bobo, ou me ensina a fritar um ovo. Amo até mesmo essa forma brega e ridícula que estou escrevendo agora. Já tem um trecho, quer ler? 
''Que os espinhos não impeçam de ver a flor, que haja sempre amém para o nosso amor.''
É, eu realmente ando inspirado, e o mais engraçado é que simplesmente não me lembro de como eu era antes de te conhecer.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Há gosto. À gosto. Agosto.

Eu precisava mesmo mudar. A verdade é que eu já não aguentava mais aquela rotina. 
O problema não era com a minha família, ou com os meus velhos amigos, o problema era comigo. Sentia como se a cada dia eu fosse menos eu, mesmo sem saber quem eu realmente era. Sempre tive a impressão de que a qualquer minuto, a minha vida daria um giro de trezentos e sessenta graus, mas jamais poderia imaginar que seria de uma forma tão simples e natural. 
A única coisa que lembro, é de acordar questionando todas as minhas certezas, sem haver dúvidas de que aquilo era o certo, se é que existe certo ou errado. 
No começo eu tive medo de que o meu coração estivesse blefando, o que é normal quando se tem menos de vinte anos, mas eu não achava indícios, nada que me provasse o contrário. A gente nunca sabe quando o amor vai surgir, e então, quando descobre a existência dele, fica quase sem reação. Comigo não foi diferente, eu estava ali, inerte, esperando que o destino tratasse de cumprir a sua parte, já que foi ele quem cruzou o meu caminho com o de alguém que eu jamais poderia imaginar. E assim ele fez. 
Da maneira mais pura e linda possível, como se já aguardasse por esse momento desde o nosso nascimento. Já não havia mais o que temer ou resistir, e foi assim que eu descobri a intensidade das coisas. Coisas das quais me orgulho em ter descoberto com você. 
Como o desejo de ser um só quando se ama muito alguém. Ou a maneira sobrenatural como unimos corpos e corações. Em meio a tudo isso, nós. Quando é pra ser, não adianta se acovardar. A melhor forma de amor é aquela em que dois estão dispostos a amar. 

sábado, 23 de agosto de 2014

De repente

Você era apenas você
Tocando a vida tranquilamente
Todos os dias eram iguais
Nada de menos, nada de mais

Mas lhe tiraram da zona de conforto

O que era nada, passou a ser tudo
E agora então já não uso você como desculpa
Para tratar do meu eu confuso

Foi assim sem algum preparo

Foi assim muito de repente
Era eu
Era você
E agora é a gente

Sua fragilidade

Ah, sua fragilidade
Só no que penso é em te proteger
Mesmo que eu não saiba por onde começar
E nem como fazer

Quero você cada dia mais eu

Quero eu cada dia mais você
Quero grudar meu corpo no teu
Começar do zero
Aprender a viver