O céu ensaiava uma chuva quando você chegou, já eu, ensaiava um choro. Vesti aquela capa de pessoa forte que você tanto conhece, respirei e disse que estava tudo certo. Fracassei. Não consegui esconder de você o medo. ''Medo de quê? De viver?'' Foi o que você perguntou, assumindo o posto de pessoa forte, que só por alguns segundos eu consegui manter. Me lembrou que a vida tem dessas coisas, desses medos. Assim na terra, como no céu, percebi que havia uma ligação entre nós nunca antes vivida com outro alguém. Procurei então palavras para definir o que se passava ali. Joguei algumas, você outras, e por fim chegamos ao acordo de que a melhor de todas era insanidade. Agora sim. Em sã idade, plena forma física e talvez mental, o tal segundo sol que Cássia Eller tanta falava na letra da música apareceu para iluminar os meus dias. A trilha sonora da minha vida começou a se parecer com a de uma comédia romântica, apesar de combinarmos mais com aquele amor esquisito, de inocência erótica e sem pé, digno de um filme francês. Aliás, talvez a gente faça um filme. Um não, vários. Recorde de bilheteria. Elogiados por críticos cinematográficos de todo o mundo. Piegas que sou, precisava dizer que eu amo quando você me chama de bobo, ou me ensina a fritar um ovo. Amo até mesmo essa forma brega e ridícula que estou escrevendo agora. Já tem um trecho, quer ler?
''Que os espinhos não impeçam de ver a flor, que haja sempre amém para o nosso amor.''
É, eu realmente ando inspirado, e o mais engraçado é que simplesmente não me lembro de como eu era antes de te conhecer.
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